Transforme o Stress em Sucesso
transforme o stress em sucesso
Existem formas saudáveis de lidar com o stress e desta habilidade, muito dependerá, o seu sucesso ou insucesso. Porque acreditamos que se compreendermos como funcionamos, teremos mais ferramentas para gerir as nossas vidas, ao invés de nos limitarmos a reagir às situações!
O Stress
Todos nós enfrentamos desafios e obstáculos na vida mas, por vezes, a pressão torna-se difícil de suportar. Em pequenas doses, o stress é excelente e denomina-se Eustress. Agora, quando as exigências são excessivas e experienciamos este fenómeno durante demasiado tempo, falamos de Distress – um verdadeiro ladrão de recursos, altamente nocivo quer para a saúde, quer para a performance. O distress é causado por uma sobrecarga no cérebro e os seus principais sintomas são distração, impaciência e frenesim. As pessoas afetadas têm dificuldades em organizar-se, em definir prioridades e em gerir o tempo, reduzindo a sua performance.
O problema da resposta ao stress é que, quanto mais é ativada, mais difícil é desligá-la. Em vez de voltar ao normal quando a crise passa, as hormonas do stress, a frequência cardíaca e a pressão arterial permanecem elevadas. E uma exposição prolongada ou repetida ao stress leva a uma pressão exagerada sobre o corpo: aumenta o risco de doenças cardíacas, obesidade, infeções, depressão e problemas de memória.
Milhares de anos de evolução ensinaram a parte superior do cérebro, que governa aquilo a que se chama, apropriadamente, de Funcionamento Executivo, a ignorar os sinais de distress, das áreas inferiores do cérebro, dedicadas à sobrevivência.
Enquanto a parte superior do cérebro, responsável por inúmeras tarefas sofisticadas e exclusivas do ser humano, permanece no comando, tudo está bem. O problema surge quando esta parte fica sobrecarregada e começamos a sentir medo, a duvidar de nós próprios e a questionar a nossa capacidade. Nessa altura, a relação entre as regiões superiores e inferiores do cérebro assume uma dinâmica sinistra. O medo – que, formalmente, não pode ser diagnosticado, é o nosso maior e mais incapacitante problema!
Coloca-nos em modo de sobrevivência e impede a aprendizagem e a compreensão. Em modo de sobrevivência, as áreas mais profundas do cérebro que governam as funções básicas: como o sono, a fome, o desejo sexual, a respiração e a frequência cardíaca, bem como, de uma forma grosseira, as emoções – tanto positivas como negativas, assumem o controlo e começam a dirigir as áreas superiores. Como resultado, todo o cérebro é apanhado por um turbilhão neurológico negativo e reduz a sua habilidade para pensar claramente.
Perdemos a consistência e ficamos propensos a acessos de raiva, a culpar os outros e a autossabotarmo-nos. Ou, então, vamos na direção oposta, caímos em negação e evitamos, completamente, os problemas que nos estão a atacar, deixando-nos ir – até sermos devorados… Isto é o distress, no seu pior. De qualquer forma, ainda que algumas pessoas lidem com esta condição melhor do que outras, ninguém tem controlo total sobre as suas funções executivas, pelo que, sob determinadas condições, ainda que pouco percetíveis, o distress provoca (sempre) uma queda da performance.
Como podemos controlar os efeitos do distress?
Através de uma engenharia criativa do ambiente e do desenvolvimento da recuperação física, mental e emocional – tal como referido em “Esqueça Tudo o que Sabe”, livro dedicado ao sucesso e ao aumento da performance.
Numa abordagem sustentada ao Alto Desempenho, o individuo deve ser considerado como um todo. De acordo com esta visão holística, tão característica da Medicina Chinesa, um sistema coerente e eficaz de gestão da performance, tem de considerar três elementos: corpo, mente e emoções. Efetivamente, os melhores e mais consistentes performers acedem à energia a partir destes três níveis de capacidades (física, mental e emocional).
Recorrendo à metáfora do livro “Esqueça Tudo o Que Sabe”, o leitor é um atleta. Tal como o treino dos atletas profissionais não é focado apenas nas suas competências específicas – como arremessar um dardo, saltar, ou chutar uma bola, também não o deverá ser o de todos aqueles que pretendem grandes resultados. Deverá, igualmente, desenvolver capacidades que podem ser consideradas competências de suporte: como o foco, a resistência, a flexibilidade e o autocontrolo. Competências que facilitam a aquisição e o desenvolvimento das restantes. Aumentar a capacidade, a todos os níveis, vai permitir que potencie, incrivelmente, os seus talentos e competências, de forma a sustentar uma performance elevadíssima ao longo do tempo. A esta condição chamamos NIP – Nível Ideal de Performance – que, de uma forma simples, pode ser explicada como a capacidade de mobilizar a energia necessária, a longo prazo, para suportar performances elevadas.
Investigações profundas – na área da ciência desportiva – confirmaram que a capacidade de mobilizar energia, quando se pretende, é realizada através do movimento rítmico entre o consumo de energia (stress) e a renovação da mesma (recuperação). O verdadeiro inimigo da performance não é o stress e, por muito estranho que pareça, este é mesmo um estímulo para o crescimento. O problema está relacionado com a ausência de recuperação disciplinada. Stress crónico sem recuperação transforma-se em distress e esgota as reservas de energia, leva ao burnout e ao colapso, minando totalmente a performance e o bem-estar.
Por aqui, o leitor fica já com a ideia de que os rituais que promovem a oscilação (stress e recuperação) são a chave para estar sempre no melhor nível de suporte à alta performance.
Claro que todos aqueles que utilizam os princípios NIP vão ter dias maus e deparar-se com desafios. Contudo, apesar de não termos o poder de alterar as condições externas, podemos treinar-nos para gerir melhor o nosso estado interno e, assim, mobilizar mais energia para a remoção de obstáculos.
Através da Medicina Tradicional Chinesa e dos princípios do NIP, ajudamos os nossos “atletas” a usar a totalidade das suas capacidades para prosperarem nas circunstâncias mais difíceis e para saírem dos períodos stressantes mais fortes, mais saudáveis e mais motivados para conquistarem o próximo desafio.
Co-autor Marco Meireles